Esta é uma entrevista realizada com a mestranda Luiza Fagundes, mestranda do Programa de Pós-Graduação da PUC-Rio.
Qual o objetivo da pesquisa?
O objetivo da pesquisa foi testar as relações entre a autoestima e os estilos de amor.
O que é autoestima?
A autoestima é a atitude – positiva ou negativa – frente ao autoconceito. Ela é a autoavaliação do indivíduo a respeito de suas qualidades, virtudes ou valor.
Quais foram os estilos de amor pesquisados?
Pesquisei 6 estilos de amor, de acordo com a teoria As Cores do Amor de John Lee. Ele identificou três estilos primários (Eros, Ludus e Storge) e três estilos secundários (Mania - Eros+Ludus, Pragma – Ludus + Storge e Agape – Eros + Storge), que derivam da combinação dos três primeiros. Eros – amor erótico, apaixonado; Storge – amor companheiro; Ludus – amor manipulativo; Mania – amor possessivo e dependente; Pragma – amor pragmático, conveniente; Agape – amor altruísta. Apesar deles serem relacionados, cada um possui propriedades qualitativas independentes dos outros. Um estilo de amor não é visto como superior ou mais verdadeiro do que o outro.
Como foi realizada a sua pesquisa?
A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário online disponibilizado em redes sociais e enviados por e-mail. Participaram do estudo 574 brasileiros, sendo 69,7% mulheres e 59,6% da região Sul. A média de idade dos respondentes foi de 27,1 anos. O questionário continha perguntas sociodemográficas e duas escalas (Escala de Autoestima de Rosenberg e Love Styles Scale) para medir as variáveis do estudo.
Quais foram os resultados?
A autoestima apresentou correlação negativa com o fator Mania dos estilos de amor, tanto para os homens quanto para as mulheres. Também encontrei, para as mulheres, correlações negativas entre a autoestima e os fatores Agape e Ludus. Os resultados mostraram que, para as mulheres, a autoestima correlaciona-se com mais estilos de amor do que para os homens.
O que os resultados sugerem?
Os resultados sugerem que as avaliações negativas a respeito de si mesmo se associam, tanto para os homens quanto para as mulheres, com relacionamentos amorosos marcados por dependência, possessão e ciúmes. A busca ansiosa de amor pelo amante maníaco funciona para compensar sua baixa autoestima. Além disso, níveis mais baixos de autoestima relacionam-se, para as mulheres, com interações manipulativas e descompromissadas.
Há semelhanças e/ou diferenças entre esses resultados e os resultados encontrados por outras pesquisas nessa área?
Sim! Hendrick e Hendrick (1986) realizaram uma pesquisa com 1807 universitários, relacionando os seis estilos de amor com diferentes variáveis, dentre elas a autoestima. Por um lado, minha pesquisa corroborou um dos resultados encontrados pelos pesquisadores, que verificaram correlação negativa entre a autoestima e o fator Mania, mas, por outro, refutou a correlação positiva verificada entre a autoestima e o estilo Ludus de amor.
Qual a importância desses resultados para a ciência?
A presente pesquisa ressalta a importância da autoavaliação no estabelecimento de relações afetivas, uma vez que os níveis de autoestima impactam na qualidade da vida social do indivíduo, incluindo os relacionamentos amorosos.
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